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quarta-feira, 16 de julho de 2008

A gagueira como experiência de crescimento - IBF

A gagueira é considerada como uma deficiência da fluência da fala (código b3300) pela Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) da Organização Mundial da Saúde (OMS). Sendo assim, acreditamos que reflexões a cerca da deficiência em geral podem ser úteis para o caso particular da gagueira.
A aceitação da deficiência desenvolve-se gradualmente ao longo dos anos. Raramente ocorre em um passe de mágica. As experiências de vida podem ensinar, pouco a pouco, que a deficiência não precisa ser vista como uma tragédia. Ela pode ser apenas uma complicação ou uma inconveniência - e quem não tem isso na vida? Eventualmente, para algumas pessoas, a deficiência pode ser vista como um catalisador do crescimento.
Didaticamente, é possível separar o processo de aceitação da deficiência em estágios. Os estágios são pontos em um contínuo e não categorias discretas. Descrevem fases comuns, mas não inevitáveis do processo de amadurecimento.
Nível 0: Negação ou choque
Não é possível nem mesmo reconhecer a deficiência. A deficiência existe, mas o indivíduo não consegue reconhecê-la conscientemente. Isso pode ser verdadeiro para todas as situações ou para a maioria das situações em que a deficiência se torna aparente. Quase não existe ansiedade.
A negação tem valor para a sobrevivência do indivíduo, não sendo um mero sinal de fraqueza psicológica. Além das razões práticas para desejar que a deficiência não exista, também existem outras razões, que resultam do status desvalorizado da deficiência na sociedade. Socialmente, a deficiência leva à desvalorização, que, por sua vez, leva à segregação e à opressão. O indivíduo é visto como aberrante. Não é incomum haver educação e socialização insatisfatórias, as quais resultam em um status menos competitivo. Conseqüentemente, também não é incomum haver insucesso, o que reforça ainda mais a autodesvalorização e a desvalorização pelos outros. Quando o círculo vicioso da deficiência é examinado desta forma, é mais fácil compreender por que as pessoas preferem negar a deficiência.
O sentimento de desvalorização torna-se fundamental em relação à deficiência, porque o indivíduo se vê incapacitado para exercer funções comuns para a maioria das pessoas. A sensação de incompetência leva ao sentimento de desvalorização.
À medida que o indivíduo percebe que a negação não faz com que a deficiência desapareça, consegue escapar deste círculo vicioso, tornando-se capaz de abandonar a "proteção" que a negação propicia.
Nível 1: Reconhecimento dos fatos ou expectativa de recuperação
O indivíduo compreende a natureza e a extensão das limitações e o estigma social, mas detesta cada parcela disso. A deficiência é vista como uma tragédia e tem valência negativa.
Quando consegue reconhecer a deficiência, geralmente entra em cena a expectativa da recuperação. Não há motivação para aprender a conviver com a deficiência, porque há esperança de que ela irá desaparecer. O indivíduo acredita que, para melhorar da deficiência, basta ser assíduo às terapias de reabilitação. Desta forma, o indivíduo consegue reconhecer boa parte dos fatos, mas não o fato que mais irá transtorná-lo: a permanência da deficiência.
Quando a deficiência não desaparece por completo, ocorre o luto. No luto, são comuns os sentimentos depressivos e os pensamentos suicidas. É comum o indivíduo se culpar pelo seu estado e ser hostil consigo mesmo e com os outros. Alguns se resignam e permanecem neste estado indefinidamente.
O acting out pode entrar em cena: o indivíduo passa a tomar atitudes radicais e prematuras (exemplos: sai de casa, pede demissão no emprego, casa-se, etc). É um mecanismo sofisticado de negação, que exige menos do indivíduo em comparação com outras estratégias (aderir aos tratamentos, por exemplo). Tendências histriônicas também podem ter lugar: por fora, o indivíduo sorri, mas, por dentro, sente-se devastado. É um outro mecanismo sofisticado de negação, com o qual o indivíduo consegue lidar.

Fonte:"Instituto Brasileiro de Fluência - IBF"
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