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sábado, 19 de junho de 2010

A VISÃO DA FONOAUDIOLOGIA NA EQUOTERAPIA - O uso do cavalo como instrumento facilitador na fonoaudiologia.

A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de Saúde, Educação e Equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas portadoras de deficiência e/ou de necessidades especiais (ANDE, 1999). O cavalo é utilizado como um meio de se alcançar os objetivos terapêuticos. Ela exige a participação do corpo inteiro, de todos os músculos e de todas as articulações.
O movimento rítmico, preciso e tridimensional do cavalo, que ao caminhar se desloca para frente / trás, para os lados e para cima / baixo, pode ser comparado com a ação da pelve humana no andar, permitindo a todo instante entradas sensoriais em forma de propriocepção profunda, estimulações vestibular, olfativa, visual, auditiva e cinestésica.
O praticante da equoterapia é levado a acompanhar os movimentos do cavalo, tendo que manter o equilíbrio e coordenação para movimentar simultaneamente tronco, braços, ombros, cabeça e o restante do corpo, dentro de seus limites. O movimento tridimensional do cavalo provoca um deslocamento do centro gravitacional do paciente, desenvolvendo o equilíbrio, a normalização do tônus, o controle postural, a coordenação, a redução de espasmos, respiração, e informações proprioceptivas, estimulando não apenas o funcionamento de ângulos articulares, como o de músculos e circulação sangüínea.
Na fonoaudiologia sabemos que para produção da fala (condução da linguagem) precisamos ter um tônus postural adequado, padrões normais de movimento, ritmo, posicionamento correto de cabeça e corpo, controle respiratório, coordenação fono-respiratória. O movimento tridimensional do cavalo influencia diretamente em músculos do controle postural, nos músculos da cavidade oral, nos músculos da laringe e nos músculos da respiração. Portanto, temos a ação direta do cavalo favorecendo na adequação de tônus, da postura, da sensibilidade, da propriocepção e da respiração.
Em paralelo, temos o profissional de fonoaudiologia atuando na equipe de Equoterapia. Com seus conhecimentos ele vai procurar adaptar os exercícios da sua área para a sessão de Equoterapia, de acordo com as necessidades de cada paciente, aproveitando a estimulação no meio ambiente e do cavalo, proporcionando uma terapia lúdica e prazerosa.
Os exercícios articulatórios podem ser realizados desde o momento que se pede ao paciente para jogar um beijo para o cavalo se locomover, assim como o estalar de língua, que pode representar o barulho do animal andando. Durante toda a sessão, usa-se da musicoterapia e das onomatopéias para estimulação de fala, da linguagem e do eriquecimento de vocabulário.
Outro aspecto trabalhado pelo profisional da fonoaudiologia é a Psicomotricidade. O deslocamento do cavalo impõe ao praticante um movimento doce, ritmado, repetitivo e simétrico. Para manter o equilíbrio, o tônus muscular deve adaptar-se alternadamente ao tempo de repouso e de atividade. Significa reconhecer uma atitude corporal pelo senso postural, depois reajustar sua posição. Com isso, ele é conduzido a uma melhor compreensão de seu esquema corporal.
Os exercícios psicomotores não são um fim em si mesmos, mas um meio para atingir a integração do sujeito no meio físico e social, trabalhando a relação que se estabelece entre a consciência do sujeito e o mundo que o cerca.
Diversos exercícios psicomotores podem ser utilizados na Equoterapia para ajudar na reabilitação.
A coordenação motora engloba os movimentos amplos, finos, e a dissociação de movimentos. Já de início, ao montar o cavalo, estamos trabalhando movimento amplo e dissociação, pois o praticante tem que lançar a perna direita por cima do dorso do animal. Jogar bola, abraçar, pegar na orelha ou no rabo do cavalo, assim como dar banho e escovar são alguns exemplos para movimentos amplos e dissociação de movimentos. Estes últimos são também importantes na relação afetiva que a criança começa estabelecer com o animal, proporcionando melhora na auto-estima e auto-confiança, independência e senso de responsabilidade. O segurar a rédia com as mãos já estimula os movimentos finos, como fazer trança e pegar pequenos objetos presos na crina do cavalo ou então pegar folhinhas das árvores, visto que o trabalho é feito em ar live, o que ajuda na moticidade fina.
A estimulação do esquema corporal é feita na mesma forma do consultório com suas devidas adaptações, através de nomeação, função e comparação das partes dos corpo do animal com o da criança. Posteriormente, consegue-se verificar a imagem com desenhos, que são feitos sobre a garupa do cavalo.
A lateralidade também já começa a ser estimulada quando o praticante monta, pois normalmente subimos pelo lado esquerdo do animal. Adaptamos basicamente os mesmos exercícios na Equoterapia. Guiar o cavalo sozinho, por exemplo, já requer uma noção de lateralidade para que não se erre o caminho estabelecido pelas terapeutas.
Por ser um trabalho ao ar livre, as precepções olfativa e auditiva são estimuldas junto a natureza. O relinchar do cavalo, a buzina do carro e da ferradura do animal, assim como o cheiro do estrume, da comida, do remédio são mostrados ao praticante.
Todas as funções intelectivas, como memória, atenção, análise e síntese, organização do pensamento, orientação e organização espacial e temporal, figura-fundo, percepção visual, relação espacial, coordenação viso-motora, ritmo, estão sendo estimuldas durante qualquer tipo de exercício. Dependendo da necessidade de cada praticante, uma função será mais enfatizada através de atividades específicas e adaptadas.
Na Equoterapia se faz necessária a integração de uma equipe transdisciplinar onde é fundamental o conhecimento sobre a patologia, como também sobre os efeitos da estimulação advindas do movimento tridimensional do animal no praticante. É preciso também ter habilidade suficiente para entender as necessidades deste, facilitando o processo da terapia.
A Fonoaudióloga, como integrante desta equipe interdisciplinar, tem sua atuação na avaliação e diagnóstico do praticante, verificação e encaminhamento para exames específicos, quando necessário, além de, juntamente com a equipe, traçar o processo terapêutico, os planos de sessão específicos da fonoaudiologia, orientar e informar os pais sobre sua atuação na equipe, trocar informações entre outros profisionais da área fonoaudiológica que atendam o praticante fora do setting equoterápico e fazer reavaliações constantes.
Todo trabalho com o ser humano é melhor realizado quando diferentes profissionais trabalham cada um em sua disciplina, mas com objetivo geral semelhante, buscando a coesão, a complementação e o enriquecimento do tratamento. Cabe à fonoaudióloga utilizar o cavalo como um recurso terapêutico, aplicando seus conhecimentos para desenvolver uma variedade de benefícios físicos, mentais, sociais, educacionais e comportamentais.

Autora: Fga: Tatiana Lermontov
CRFa 8331-RJ
Email: tlermontov@urbi.com.br

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